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Cancelamento traz consequências negativas para quem cancela e é cancelado, diz especialista

De acordo com psicóloga, cancelar alguém traz danos à saúde mental de todos os envolvidos no processo

Recentemente associado as polêmicas do Big Brother Brasil (BBB) 21, o termo cancelar foi criado pela internet para boicotar pessoas – sejam elas famosas ou não – por comportamentos que sejam considerados como inadequados por determinado público. Desde 2017, a “cultura do cancelamento” se popularizou nas redes sociais e várias celebridades já foram vítimas dela. O movimento cresceu quando o movimento #MeToo surgiu nos Estados Unidos e passou a denunciar assédio sexual e o abuso de homens contra mulheres.

Um case de cancelamento que ficou famoso foi o da rapper curitibana Karol Conká, que foi eliminada do BBB 21 com a votação recorde de 99,17%. No entanto, o termo cancelar já chegou até na separação do fundador da Microsoft, Bill Gates. Ele se separou recentemente de sua esposa Melinda Gates e o caso gerou controvérsia na internet. Muitas teorias de conspiração têm aparecido sobre a razão do divórcio dos dois.

De acordo com a psicóloga, doutora e professora da Universidade Positivo, Rafaela de Faria, o cancelamento pode provocar diversos efeitos colaterais na saúde mental tanto de canceladores quanto de cancelados. Por exemplo, no caso da pessoa que sofre com boicote – independente de ser famoso ou não – sintomas como excesso de ansiedade, isolamento insônia e desconfiança sobre si mesmo começam a aparecer.

Além disso, se uma personalidade famosa é cancelada, Rafaela aponta que muitas pessoas que antes a acompanhavam deixam de seguir ela nas redes sociais e param consumir conteúdos online ou físicos daquela celebridade

Rafaela explica que todos os envolvidos em um processo de cancelamento são impactados de alguma forma. Seja essa pessoa vítima, agressora ou apenas uma observadora. “É muito comum que aquele que está cancelando, em algum momento da vida, independente se foi na rede social ou não, já ter sido cancelado e já ter tido uma experiência de rejeição, preconceito ou agressividade a partir de um posicionamento”, afirma.

Segundo ela, o ato de cancelar também pode ser causado por desequilíbrios emocionados que o cancelador adquiriu ao longo da vida. Além disso, a psicóloga ressalta que a pessoa que está cancelando também costuma acreditar que tem uma sensação de poder e sente satisfação com o ato de cancelamento. Já que o boicote a uma pessoa acaba sendo reforçado por uma determinada comunidade.

“É delicado porque de alguma maneira isso o fortalece e pode até causar comportamentos mais extremistas que incentivem com que ela se posicione de maneira inadequada, em outros contextos e com outras pessoas”, diz Rafaela

O cancelamento também é capaz de mudar a personalidade de pessoas que foram canceladas. Em muitos casos, a vítima que sofreu com o boicote começa a rever os próprios posicionamentos. Segundo a especialista é muito comum que o cancelado se questione da seguinte forma: “será que eu to errado?, mas essa é uma verdade pra mim! Do lugar que eu vim, considerando a minha história”.

Excesso de julgamentos

De acordo com Rafaela de Faria, o excesso de julgamentos é natural do ser humano e não atinge apenas as redes sociais. Para a especialista, quando se fala em cancelamento é importante ressaltar que sempre há um tema polêmico sendo debatido em posições que são consideradas extremas. Portanto, ele acontece a partir do momento em que o cancelador não concorda com determinado posicionamento e deixa de seguir a pessoa.

Com isso, ela destaca que o cancelamento também pode ser considerado como uma prática de deixar de seguir e/ou criticar uma outra pessoa nas redes sociais com a finalidade de puni-la por um erro considerado grave. Na maior parte desses casos, ela afirma que não há um diálogo entre as partes que contam com posicionamentos divergentes.

Segundo a especialista, a facilidade no acesso as redes sociais faz com que todas as pessoas se sintam parte da vida umas das outras. Afinal, em locais como o Facebook ou Instagram, há representações da realidade que os usuários querem que seja mostrada.

“Mais do que nunca estamos sendo vistos, observados e julgados”, diz

Rafaela afirma que uma pessoa que foi cancelada costuma fazer comparações entre cancelamento e linchamento virtual. No entanto, os dois conceitos são diferentes. Segundo a especialista, o cancelamento pode ser definido como a exclusão de alguém, que inclui tirar um lugar de fala da pessoa e rejeitar o seu posicionamento. No caso do linchamento, a questão está mais ligada a agredir destruir ou diminuir o outro ser humano.

Cancelamento pode ser pedagógico?

Na visão da psicóloga, o cancelamento de pessoas que cometeram atitudes não pode ser encarado como pedagógico. Segundo ela, os efeitos colaterais de um cancelamento são muito mais danosos. No entanto, a especialista explica que o cancelamento também pode ajudar a fazer com que uma pessoa melhore as próprias atitudes e evolua.

Ademais, a outra exceção seria para o caso de uma pessoa ter cometido um atentado contra a ética, lei e contra a vida. “Existem inúmeras situações que precisam ser avaliadas para entender se um cancelamento é pedagógico ou não”, destaca a especialista.

Conteúdo extraído de:

https://www.bandab.com.br/fique-sabendo/cancelamento-traz-consequencias-negativas-para-quem-cancela-e-e-cancelado-diz-especialista/

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